domingo, 22 de junho de 2008

Com paciência, Massa vence, quebra tabus e lidera o campeonato


A Fórmula 1 de 2008 continua resgatando o espírito de competitividade que havia sido deixado de lado nos últimos anos da era Schumacher. Agora, a cada corrida é uma novidade, uma nova expectativa, uma nova classificação. Neste domingo não foi diferente. Além de ter mais uma ótima corrida, a manhã deste 22 de junho será marcada pelo fim de dois tabus brasileiros na categoria.

Vinte e dois anos depois, um brasileiro volta a vencer o GP da França. De quebra, após 15 anos, um piloto brasileiro volta a liderar o campeonato. A última vez havia sido em 1993, com um tal de Ayrton Senna.

Felipe Massa colocou um ponto final nessa espera. Após um início de campeonato ruim, quando demonstrou muita afobação e vontade excessiva, Felipe parece ter aprendido que cada ponto conquistado é importante e que, às vezes, não vale a pena arriscar a corrida por uma posição melhor.

O domínio da Ferrari durante o final de semana era evidente. A escuderia italiana dominou os treinos livres de sexta e o classificatório de sábado. Para completar, ainda viu a McLaren largando bem atrás por conta de punições aplicadas a seus pilotos. Lewis Hamilton, pela barbeiragem cometida no GP do Canadá, há duas semanas, perdeu dez posições no grid e saiu apenas em 13º. Já Heikki Kovalainen, por atrapalhar uma volta de outros pilotos durante o treino de ontem, acabou punido com cinco posições e foi apenas o 10º.

Tendo Kimi Raikkonen como seu único adversário, Felipe Massa teve a calma e a paciência necessárias para se manter na segunda posição e não cometer erros. Afinal, até mesmo um segundo lugar não era um mau resultado, visto que o deixava em condições de assumir a liderança do campeonato, dependendo da posição do polonês Robert Kubica.

Com o carro um pouco mais pesado que Raikkonen, Felipe não conseguia acompanhar o ritmo de seu companheiro, que abria uma vantagem boa o suficiente para evitar uma disputa de posições durante o pit stop. Assim, Kimi voltou na frente e Felipe continuava remando para tentar diminuir a diferença que beirava a casa dos cinco segundos.

Enquanto isso, mais para trás, Nelsinho Piquet fazia grande corrida e brigava pelos pontos. Jarno Trulli se mantinha na terceira posição, Kubica o perseguia e Kovalainen, com uma boa corrida, se recuperava. Já Hamilton foi o oposto de Felipe e pecou exatamente pelos mesmos erros que o brasileiro cometeu nas primeiras provas do ano. Impaciente, o inglês fez uma curva de modo ilegal, logo no começo, tirando vantagem da manobra e ultrapassando outros carros. Dessa forma, foi punido pela direção de prova, sendo obrigado a passar pelo box e praticamente ficando sem chances de conseguir melhores resultados.

Lá na frente, Massa seria recompensado pela paciência e tranqüilidade que teve. Com problemas no carro, Raikkonen passou a ser mais lento e em cinco voltas, aproximadamente, Felipe já estava junto ao finlandês. O escapamento do carro de Kimi se soltou, prejudicando a aerodinâmica do carro, o que fez com que aumentassem as dificuldades em segurá-lo na pista. O brasileiro esperou, andou uma volta no ritmo de seu companheiro e passou na hora certa. Correndo sem ninguém à frente e vendo Kimi ainda com problemas, não demorou para Massa abrir vantagem.

Nem mesmo a pequena garoa que caiu sobre o circuito foi capaz de tirar a vitória de Massa. Sem arriscar, como fez em Mônaco, a Ferrari optou por manter seus carros com pneus de pista seca e acertou na decisão. Assim, apenas administrando a vantagem que já superava 15 segundos para o segundo colocado Raikkonen, Massa guiou com tranqüilidade para receber a bandeirada final, vencer sua terceira corrida na temporada, quebrar um jejum brasileiro no GP da França e, para coroar, assumir a liderança isolada do campeonato, abrindo dois pontos de diferença para Kubica, cinco para Raikkonen e dez para Hamilton.

Nas demais posições, Trulli confirmou o ótimo rendimento de sua Toyota e cruzou em terceiro, seguido por Kovalainen e Kubica. O australiano Mark Webber chegou em sexto e as Renaults de Piquet e Fernando Alonso fecharam a zona de pontuação. Porém, na última volta, Alonso errou e foi ultrapassado por Piquet, que terminou em sétimo e conquistou seus primeiros pontos na carreira.

O escocês David Coulthard - que para o Galvão Bueno é a última moda em "chicane ambulante" da F-1 - fez boa corrida com sua Red Bull, mas insuficiente para chegar aos pontos, terminando em nono. Já Hamilton, prejudicado por seus próprios erros, não foi além de um décimo lugar e vê seus principais concorrentes ao título abrindo vantagem. Rubens Barrichello, prejudicado pelo péssimo rendimento de sua Honda durante todo o fim de semana, foi apenas o 14º.

A próxima etapa será disputada em Silverstone, na Inglaterra, em duas semanas. Até lá, Massa poderá curtir em paz sua liderança na temporada e a satisfação por se recuperar de erros infantis cometidos nas duas primeiras corridas da temporada, quando desperdiçou pontos importantes.

Nada como um dia após o outro. Nada como 15 anos depois.


Vinícius Giannini



Veja Massa recebendo a bandeirada da vitória no GP da França:


Um comentário:

Marcos Garcia disse...

É isso ai Vinícius, você contou muito bem os fatos que aconteceram na corrida, um belo texto. O Massa fez uma boa corrida, além de competência, contou um pouco com a sorte, por conta do probleminha com a peça que quebrou do Raikkonen, que vale ressaltar, fez uma brilhante corrida, por conduzir bem o carro e chegar na segunda colocação,mesmo com a parte da lataria detonada, onde a peça quebrada ficou batendo.

Até mais