segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Brasil que ensinou o mundo a jogar futebol, agora precisa ter umas aulinhas com seus ex-alunos

Caros penta campeões do mundo, torcedores da seleção canarinha.
Nunca imaginariamos ver uma Seleção Brasileira com características de Europa e seleções européias jogando como o futebol brasileiro.
Quando se fala de Seleção Brasileira, logo imaginamos laterais avançando o tempo todo; volantes desarmando e saindo pro jogo com qualidade; meias habilidosos dando show e atacantes matadores rematando com qualidade para a baliza. Não é bem isso que vemos no time de Dunga:
Defesa batendo cabeça (contra o paraguai uma cobrança de escanteio pífia, rasteira do ataque paraguaio, nenhum pé para cortar a bola e nenhuma alma para marcar o Santa Cruz no primeiro gol dos guaranis); laterais que não sabem cruzar (Maicon e o museu Gilberto); volantes que não tem qualidade no passe e são reservas em seus clubes (Josué, Gilberto Silva e Mineiro); meias que muitas vezes são volantes e não meias(Ânderson é volante no manchester, Júlio Baptista foi o melhor contra os hermanos, mas não possui características de um camisa 10 brasileiro legítimo); centro-avantes que não podem ser crucificados, pois a bola não chega; (Adriano, Luís Fabiano...) e o Robinho que precisa chamar a responsabilidade, assim como fez na Copa América, não está nem entrando em campo. Eu não vi!
Assistindo a Eurocopa é visivel perceber que o futebol está mudando radicalmente. Exemplos: a Rússia jogando com apenas um volante centralizado 'a frente da defesa (Semak) e dois falsos volantes que apoiam muito bem (Zirianov e Semchov). A Holanda com apenas De Jong de cão de guarda e Engelar que além de marcar possui um ótimo passe e lançamento longo, Van der Vaart e Sneijder (dando show) armam o time. A Itália se acertou quando tirou o único volante legítimo(Gattuso) e jogou com um trio de meio-campistas fazendo esse papel, em que todos os três além de ótimos ladrões de bola, sabem chutar, lançar e passar muito bem (Pirlo, De Rossi e Perrotta). A França com dois volantes; um marcador (Makelele) e outro saindo mais (Toulalan); e dois meias bem abertos como se fossem antigos ponteiros (Ribery e, ora Govou, ora Malouda). República Tcehca com 5 meio campistas, mas quatro deles atacavam; Galasek ficava protegendo a zaga, saiam pela esquerda Polak e Matejovski, e pela direita Plasil e Sionko. Portugal com apenas um volante de origem (Petit), dois meias ajudando a marcar (João Moutinho e Deco) e dois pontas muito rápidos e habilidosos (Simão Sabrosa e Cristiano Ronaldo). A Espanha com Marcos Senna e Xavi que são volantes, mas sabem sair jogando, chutam de longe, ajudam a armar o time, possuem passes qualificados etc.
Parece pegadinha, mas não é, o futebol europeu está jogando para atacar, buscando o gol a todo momento com esquemas de no máximo dois volantes e meio-campistas bem abertos como se fossem pontas. Já nosso futebol penta campeão, está burocrático e defensivo com trio de volantes e meias defensivos.
Espero que o Dunga esteja assistindo a Eurocopa e percebendo que: para jogar com três volantes, no mínimo dois deles precisam saber atacar; que faz parte da função de um lateral, avançar e cruzar; que dá sim para jogar com pontas...
O que está acontecendo com nosso futebol? Por que 3 volantes? Por que não se fazem mais pontas como antigamente? Eu respondo!
Os problemas estão nas categorias de base dos cluber brasileiros. Enquanto na Europa o sub-13 do Barcelona treina com o esquema 4-3-3 (com apenas um volante, meia-direita, meia-esquerda, ponta-direita, ponta-esquerda e um centro-avante), o sub-13 do Palmeiras joga com um esquema 3-5-2. É brincadeira! Com isso a molecada já se desenvolve no futebol com a mentalidade de se defender, acabam-se os pontas rápidos, os meias habilidosos e os laterais que vem e vão o tempo todo.
Parece que os Europeus aprenderam o nosso segredo, estão ensinando seus jogadores desde pequenos a jogarem como penta-campeões, enquanto isso... nossas futuras promessas se tornarão ótimos carregadores de piano, "Dunga's", "Gattuso's", "Marcinho's Guerreiro" e por aí vai.
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PROJETO GÊNIO DA BOLA
Pensando no futuro do nosso futebol, e preocupado com os esquemas defensivos das bases brasileiras, o técnico do Palmeiras Vanderlei Luxemburgo lançou no dia 18 de junho o projeto "Gênio da Bola", ao lado dos dos ex-atletas Pepe, Mengálvio, Coutinho, Dorval e Félix.
As inscrições vão acontecer pela internet, e através de um processo seletivo, 240 garotos, entre 10 e 19 anos, serão escolhidos para participarem da avaliação de campo, que será coordenado e supervisionado pelos ex-craques do passado. O vencedor receberá uma bolsa de R$ 2.500 e terá a oportunidade de atuar por um grande clube do futebol brasileiro.

Luxa disse que a oportunidade de aprender ao lado de craques do passado é mais do que importante. É uma questão de necessidade. E tem certeza que esse projeto vai dar certo pelas pessoas que estão envolvidas e pela seriedade como as coisas serão conduzidas. Ele criticou a maneira como os garotos vem sendo formados nas categorias de base, disse que o futebol brasileiro perdeu a essência, pois os times do infantil, do juvenil, atuam com três zagueiros e três volantes e que a ausência do futebol alegre e ofensivo acontece desde cedo, ao contrário da Europa, em que os clubes atuam com três atacantes e somente um volante.
Para o treinador palmeirense, os jogadores do passado que foram verdadeiros "gênios da bola" precisam ter participação mais ativa no processo de formação dos garotos, pois hoje em dia existem professores de educação física dando aulas para os jovens e estão ensinando o futebol de maneira errada. A preocupação da formação de jovens valores precisa ser feita por profissionais da bola, assim como os ex-jogadores.
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Caio Matta Dias
As fotos desta matéria foram retiradas do google imagens ou de sites esportivos.